A atleta de 26 anos que se recupera da anorexia nervosa e deixa um alerta: todo relacionamento conturbado com a comida é um distúrbio alimentar!
Hoje trazemos aqui a história da Vitória Reis, jovem advogada de 26 anos, que mora em Curitiba e foi atleta de corrida durante boa parte de sua vida. Vitória sofreu com a anorexia nervosa e, hoje, em fase de recuperação, decidiu levar sua voz às redes sociais para ajudar mais pessoas que estejam passando por transtornos alimentares.
A seguir, vamos contar com riqueza de detalhes o relato de Vitória, e esperamos que sua história sirva como um alerta para gatilhos e comportamentos que façam parte ou possam desencadear um transtorno alimentar:
RELAÇÃO COM A COMIDA, EXERCÍCIOS E O INÍCIO DOS PROBLEMAS
Vitória conta que sua relação com a comida não era muito complicada. Na infância, ela relata que comia muita besteira e foi gostar de salada, legumes e comida saudável, de forma geral, aos 18 anos. Foi quando estava treinando para uma prova de concurso para Polícia Militar que Vitória descobriu as atividades físicas. Fez inúmeras modalidades, inclusive corrida de rua, que foi sua favorita durante muito tempo.
Em seguida, sua mãe teve uma reincidência de Câncer, quando Vitória estava em seu último ano de faculdade. Vitória lidou com a situação ao lado da mãe, e não contou a família. Quando sua mãe passou a melhorar, ela começou a ter os primeiros gatilhos alimentares e comportamentais: ao perceber que nada ao seu redor estava sob seu controle, ela começou a controlar o que podia, os estudos, o trabalho, os treinos, intensificou tudo e não descansava o necessário.
Começou, então, a cortar carboidratos, gorduras, diminuir sua alimentação para ser mais leve na corrida, começou a emagrecer e melhorou sua performance na corrida, ganhou pódios e isso a incentivava a restringir ainda mais sua alimentação.
Logo, Vitória descobriu métodos de compensação (formas de retirar do corpo os alimentos consumidos), até esse momento, ninguém desconfiou da situação de Vitória, apenas imaginaram que como estava treinando mais e “cuidando” a alimentação, seria normal estar emagrecendo bastante.
O AGRAVAMENTO DO CASO E O MOMENTO MAIS CRÍTICO
Foi então que sua mãe descobriu e a levou ao primeiro médico, que, também, ao saber de sua rotina de treinos e dieta, disse que o emagrecimento era normal. Assim seguiu, cada vez mais magra, utilizando de métodos de compensação e, cada dia desejando emagrecer mais. Até chegar ao momento em que não conseguia mais subir escadas, ficava apenas na cama, e não tinha forças para executar suas tarefas básicas.
Ao perceber que não conseguia mais fazer as atividades que tanto gostava e o mal que estava desencadeando em sua família, ela desenvolveu, ainda, depressão profunda e pensou em se suicidar.
Vitória lembra que calculava quanto de carboidratos tinha em um quarto de uma folha de alface ou em uma rodela fina de abobrinha, nesta fase, ela consumia aproximadamente 0,5 g de carboidratos ao dia e, ainda assim, utilizava de métodos compensatórios. Sem forças até para tomar banho, ela conta que as vezes apagava no box do banheiro.
Para Vitória, esse foi o momento mais crítico e foi quando ela decidiu se tratar. Na busca por ajuda profissional, Vitória começou a entender o que acontecia com ela, coisa que, até então, não lhe era compreensível. Entendeu, então, que sua anorexia nervosa e até mesmo a depressão, foram desencadeados por um stress e trauma causados pela situação de sua mãe.
A BUSCA FRUSTRADA POR AJUDA PROFISSIONAL
Vitória conta que foi a diversos profissionais diferentes e não conseguia aderir a um tratamento, por se sentir mal e fiscalizada em consulta. Ela conta que os métodos e profissionais que procurou não a ajudavam e ainda surtiam efeito contrário. Então resolveu largar os tratamentos e, sozinha, começou a se cuidar. Foi então que Vitória encontrou os profissionais que, desta vez sim, a ajudariam, e muito, a superar o transtorno alimentar: sua nutricionista e seu gastroenterologista.
A SUPERAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DOS EXERCÍCIOS
Com a voz embargada, Vitória conta que sua maior alegria foi conseguir reconquistar sua estrutura física e, aos poucos, voltar a fazer suas atividades rotineiras e seus exercícios. Ela lembra de quando conseguiu fazer exercícios novamente, quando despertou para a vida com o pensamento "preciso voltar a viver, a vida é linda e eu preciso voltar a ser a Vitória que eu era!”.
"Cada dia que acordo e olho para minhas medalhas e troféus, eles me motivam e me inspiram.”, diz a jovem, que ainda completa lembrando de quando não parecia suficiente receber uma medalha em corrida:
"Hoje eu recebo uma medalha de uma simples caminhada de 3km e
é uma conquista absurda, pois
já senti o que é não conseguir
nem levantar da cama!”.
Suas maiores limitações hoje, são as sequelas deixadas pelo transtorno alimentar. Vitória conta que seu intestino ficou debilitado e, até hoje acorda com muitas dores e cólicas. Todo esse trauma exige vários cuidados também com sua alimentação e, um trabalho psicológico diário para ressignificar seu relacionamento com os alimentos.
Suas maiores vitórias foram: conseguir correr - mesmo que pouco e intervalando corrida e com caminhada - conseguir nadar um pouco e conseguir andar de bicicleta e sentir o vento bater no rosto enquanto as suas lágrimas rolam.
Vitória enfatiza “Todos os dias eu tenho pequenas conquistas! A chave para o progresso é a constância!”. Os exercícios físicos hoje a motivam para estar saudável e lutar contra seu transtorno alimentar.
Hoje Vitória consegue pedalar indoor e até mesmo fazer treinos funcionais. Apesar da dificuldade do isolamento, hoje ela se sente grata por poder fazer essas atividades e progredir todos os dias.
"As pessoas pensam que distúrbio alimentar é quando alguém emagrece muito, ou muito rápido, ou quando alguém utiliza métodos purgativos, mas distúrbio alimentar é qualquer relação conturbada com a comida. Pessoas obesas têm distúrbios alimentares, pessoas consideradas dentro do peso normal têm distúrbios alimentares, os distúrbios alimentares são bem mais comuns do que imaginamos. Se você come e se sente culpado, se você come e tenta compensar com exercícios físicos, ou com jejum, ou comendo muito menos no dia seguinte, esses comportamentos denotam um distúrbio alimentar.”
Além de alertas sobre os riscos e comportamentos que podem desencadear transtornos alimentares, Vitória ainda deixa mais uma mensagem: "Se você se identifica com estes comportamentos, procure um especialista! Se você tem vergonha ou, por algum motivo, não quer procurar um profissional, pode falar comigo no meu Instagram também. Fale, também, com as pessoas que te rodeiam. Pode ser difícil e exaustivo explicar, mas se nem nós mesmos entendemos, não podemos esperar que eles entendam de primeira, né? E não tem coisa melhor do que se abrir para as pessoas que te amam, assim elas podem tentar te ajudar da forma que conseguirem.".
Se você quiser acompanhar a rotina de recuperação, as dicas e o trabalho de conscientização da Vitória, basta clicar aqui e seguí-la em seu Instagram.
Esperamos que esta história tenha levado luz e o alerta a todas as pessoas que precisam dessa mensagem. E queremos saber de você, como está seu relacionamento com a comida?
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Conteúdo:
Adriana L. Fort Marquez
Assessoria de comunicação e conteúdo
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