Relato de um corredor que se deu bem com o sedentarismo da quarentena, mas que encontrou em uma esteira o retorno para a glória das corridas.
Desde 19 de março não corria. Foram 68 dias sem correr. Dia 27 de maio as coisas voltaram meio que ao normal. Nessa quarentena, estou em São Paulo, fazendo home office. Na capital paulista, correr na rua não é uma opção para mim. A cidade com mais casos e óbitos registrados de COVID-19 não é um lugar onde me sinta bem em sair e correr. Além de ser perigoso e movimentado demais, não conheço muito bem a região. Os parques estão fechados. Então, correr, apesar de gostar e querer muito, não era essencial a ponto de me arriscar assim.
No início da quarentena, pensamos em alugar uma esteira. Comprar estava fora de cogitação. As esteiras melhores custam valores pouco convidativos. As mais acessíveis são muito simples e os treinos ficariam limitados demais. Pelo jeito, muita gente pensou igual e não encontramos nenhuma esteira disponível.
O que conseguimos foi uma bicicleta emprestada, compramos um rolo barato, mas não era a mesma coisa. Era monótono, não rendia. Pedalei pouquíssimas vezes e por tempos curtos. Não teve jeito de me acostumar e gostar de pedalar. Na rua é bom. Em casa, parado, sem sair do lugar, não teve como.
O tempo passou e quando vimos que bicicleta não ia ser algo muito motivador, fomos em busca de uma esteira novamente. Conversando em um grupo de WhatsApp, descobrimos um local que estava alugando. A esteira era semi profissional, assim dizia no site. Ela era um pouco melhor do que as mais simples. Tinha um motor melhor, atingia maior velocidade máxima, possuía inclinação e era menos barulhenta.
O valor do aluguel não era dos mais baratos, mas fizemos as contas, nos ajeitamos e resolvemos alugar. O prazo mínimo para ficar com a esteira alugada era de 6 meses. Fechamos o negócio e em duas semanas a esteira chegou em casa. Por ser melhor, era também maior e tivemos que pensar bem onde colocá-la.
O melhor lugar da casa seria na sacada, mas lá é a área dos cachorros. Não daria para confiar na mira deles. Não poderíamos correr o risco de ter a esteira tomada por xixi. É um investimento que não podemos arriscar assim. A esteira foi para um dos quartos. Mexe aqui, arrasta acolá e coube. A empresa veio, instalou e estávamos prontos para começar a correr.
Com a esteira em casa, no primeiro dia já fui testar. Confesso que me dei bem com o sedentarismo. Quase 70 dias sem atividades físicas não foi de todo ruim. É legal ficar sem fazer nada. Porém, subir na esteira, correr e ter aquela sensação no fim de treino foi bom demais. Não é que eu tenha esquecido, mas fazia tempo que não sentia isso. Corri e tive apenas o cansaço normal de quem estava há muito tempo parado, sem dores.
Depois de 68 dias sem correr, voltamos às corridas. Em casa. Na rua ainda não. E desde quando a esteira chegou consegui correr todos os dias, variando ritmos e distâncias. Confesso que não sou fã de esteiras, não gosto, acho chato, correr na rua é muito melhor. No entanto, quando a sua única opção é uma esteira, ainda mais sendo um bom equipamento, você vai e faz sem reclamar muito. Ainda estou me adaptando com ritmos e com o tempo em cima da esteira, mas estamos nos dando bem. Seguimos em frente, agora correndo. É bem melhor assim.
Conteúdo:
Enio Augusto
POR FALAR EM CORRER
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